sexta-feira, 20 de outubro de 2017

TAMBÉM NÃO REPARO NO AR QUE RESPIRO


27 de Dezembro de 1969

Abro a Rádio. O terceiro acto de O Cavaleiro da Rosa de Strauss. O peso de uma voz alemã com arrebiques a tentar ter a leveza austríaca.
Indigestão de chouriços de tédio em três por quatro.
Prefiro a Viúva Alegre.
                                                              
                                                             *

- Pai: já reparaste que tens a rádio sempre. Não te cansas de ouvir música?
- Às vezes nem a oiço. Bem vês, também não reparo no ar que respiro.

José Gomes Ferreira em Livro das Insónias Sem Mestre VIII volume dos Dias Comuns.

Legenda: imagem Shorpy

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